Volta ao parque - Chapada Diamantina
Já fazia um tempo que eu queria conhecer o interior da Bahia, mais especificamente a Chapada Diamantina. Sempre via fotos de lá e ficava maravilhada com o lugar, não conseguia acreditar que todos esses lugares eram no Brasil e eu nunca tinha ido conhecer.
Fui então para a Chapada Diamantina com a minha mãe, no dia 18 de agosto. Como não estava sozinha, não fizemos uma viagem no estilo mochilão, ficamos em pousadas, com quartos privativos e contratamos uma agência.
Fechamos o passeio pela Pisa Trekking, aqui em São Paulo. A Pisa é uma agência de viagens de aventura, eles têm diversos pacotes para o mundo inteiro, e só para Chapada Diamantina são cerca de 10 pacotes diferentes.
Nós escolhemos um pacote chamado Volta ao Parque (com Marimbus e Buracão). A Chapada é enorme, e abrange várias cidades diferentes; a maioria das pessoas se hospeda em Lençóis e faz os passeios desde lá. O legal do Volta ao Parque é que você vai se hospedando em diferentes cidades ao longo da semana, e não fica indo e voltando para Lençóis; dessa forma, também é possível ir para lugares mais distantes, que quem fica só em Lençóis não consegue.
VOLTA AO PARQUE
1º DIA - Chegada à Chapada
Chegamos em Lençóis por volta das 17h, o guia que nos acompanharia o resto da semana nos pegou no aeroporto e nos levou para a pousada.
No roteiro dizia que subiríamos o Morro do Pai Inácio para ver o pôr do sol, mas chegamos tarde e resolvemos deixar esse passeio para outro dia. Ficamos na Pousada Pouso da Trilha, pertinho do centro, aconchegante e café da manhã bom. O único problema da pousada é a falta de ar condicionado. Como fomos em agosto não fez tanta falta, mas no verão talvez seja essencial.
Jantamos em um restaurante muito bom, chamado Cozinha Aberta, gostamos tanto que voltamos mais duas vezes para lá nos dias seguintes.
2º DIA - Poço do Diabo / Gruta da Pratinha / Gruta Azul / Lapa Doce
Nosso guia nos pegou na pousada as 8:30 e nos levou ao primeiro passeio: o Poço do Diabo. Com uma trilha leve de mais ou menos 30min, chegamos à cachoeira.
Após o Poço do Diabo fomo visitar a Gruta da Pratinha e a Gruta Azul, com suas águas cristalinas. É importante fazer a visita à Gruta Azul entre 14:30 e e 15:30, pois é quando o sol bate na água e a faz ficar azul, fora desse horário a água fica escura e perde toda a graça da gruta.
A última parada do dia foi a Lapa Doce, a terceira maior gruta do país. A Lapa Doce possui 17km mapeados, sendo que apenas 850m estão abertos para visita. O passeio dura 1h30 e tem que ser obrigatoriamente acompanhado por um guia, munido de lanternas. Um dos pontos altos do passeio é quando o guia, no interior da gruta, apaga todas as lanternas e nós ficamos por alguns minutos na escuridão total. É obrigatório ir de tênis, não é permitido o acesso calçando chinelos.
Após o término dos passeios seguimos para a cidade Vale do Capão.
3º DIA - Cachoeira da Fumaça
Saímos as 8:30 da pousada e fomos de van para o lugar onde começa a Trilha da Fumaça. A trilha fica no Vale do Capão e leva à Cachoeira da Fumaça. A cachoeira em si não é das mais bonitas, fomos em agosto e ela estava praticamente seca, mas a trilha já vale totalmente a pena só pela vista lá de cima.
São 12km no total; cerca de 2h para subir e mais 2h para descer. Porém, como subimos uma montanha, com o sol na cabeça, é bem cansativo.
O grande atrativo no topo, além da cachoeira, é uma pedra que fica para fora da montanha, que dá fotos ótimas.
É muito importante contratar um guia para essa trilha, no comecinho dela têm uma casinha onde você pode contratá-los; em 2015 um espanhol se perdeu lá e nunca mais o encontraram. Se a cachoeira estiver seca, peça ao seu guia para te levar à Garganta da Fumaça, que é de onde cai a água.
Voltamos para Lençóis e dormimos lá novamente
4º DIA - Cachoeira do Sossego
O quarto dia foi o dia da Trilha do Sossego, que de sossego não tem nada. Foi de longe a caminhada mais difícil que fizemos na semana, são 14km ida e volta e, cada trecho, dura em torno de 3h.
A primeira parte da trilha é tranquila. Já a segunda parte é bem mais difícil, você anda entre cânions, subindo de pedra em pedra, no leito do rio. Contrate um guia pois não é fácil ir sozinho, além da caminhada ser difícil é um pouco perigoso andar sobre as pedras por tanto tempo se você não está acostumado.
A Cachoeira do Sossego se forma na junção de ambos os cânions que você foi percorrendo no caminho.
É importante levar bons sapatos para esse dia, de preferência botas de trekking. Eu fui com um tênis de corrida que tenho em casa, que já estava bem velhinho, e ele rasgou inteiro, ao ponto da sola sair e eu ficar praticamente de meia. Tive que terminar a trilha de chinelo.
Após o dia super cansativo voltamos para Lençóis.
5º DIA - Marimbus / Rio Roncador
No quinto dia fomos conhecer o pantanal da Chapada.
Primeiro guia nos levou a uma comunidade remanescente quilombola, chamada Remanso. Para quem não sabe, quilombos eram locais escondidos, geralmente no meio do mato, onde se abrigavam escravos fugidos. Desse lugar saem os passeios pelo rio Marimbus, o mini Pantanal da Chapada.
Embarcamos em uma canoa e fomos remando por cerca de duas horas, o pantanal é muito bonito. Chegamos a uma pequena praia de rio, e de lá fomos até a Cachoeira do Roncador.
Após ficarmos um pouco na cachoeira, almoçamos na casa do seu Duval e fomos para a cidade de Mucugê, onde dormiríamos essa noite.
6º DIA - Cachoeira do Buracão
A Cachoeira do Buracão fica no extremo sul do parque, no município de Ibicoara e foi um dos lugares mais bonitos de toda a viagem. Fica muito longe ir e voltar de Lençóis, então dormimos na noite anterior em Mucugê, e na noite seguinte em Igatu. São 6km de trilha, e é uma trilha relativamente tranquila (como meu tênis havia rasgado eu fiz de chinelo, e não tive problemas).
Cada trecho dura cerca de uma hora, com poucas subidas. No final, chega-se a um cânion de 90m de altura, por onde corre um rio de águas escuras. Nesse ponto há duas opções: ir nadando por entre os cânions (mais segura), ou atravessar um tronco em meio aos paredões, e ir caminhando agarrado às pedras (a que eu optei). No final, os cânions se encontram e formam o Buracão, que tem formato circular. É muito bonito.
7º DIA - Poço Azul
O último dia foi o mais tranquilo de todos. Saímos do hotel e fomos em direção ao Poço Azul, uma caverna alagada onde é possível fazer flutuação.
Demos sorte de o poço estar vazio, para que assim pudéssemos tirar a famosa foto flutuando.
Depois do poço iríamos ao Morro do Pai Inácio ver o pôr do sol (passeio que estava no roteiro para fazermos no primeiro dia mas tivemos que mudar), porém começou a chover muito e não conseguimos, vai ter que ficar pra próxima.
8º DIA - Volta à São Paulo
COMO CHEGAR NA CHAPADA Lençóis fica a 409km de Salvador e é a principal porta de entrada da Chapada, com boa infraestrutura de hotéis, pousadas e restaurantes.
Via aérea
O único aeroporto da região fica em Lençóis, e recebe voos direto de Salvador, Belo Horizonte e Campinas, todos operados pela Azul. Por isso, é necessário sair de algum desses locais.
Via terrestre É possível ir de ônibus de Salvador a Lençóis, e o trajeto dura cerca de 6 horas. Uma das agências que faz esse trajeto é a Real Expresso, com partidas diárias em quatro horários diferentes: 7:00, 13:00, 17:00 e 23:00, e o preço é em torno de R$ 70,00. QUANDO IR
A época mais cheia da Chapada é no verão, principalmente em janeiro. Quem prefere conhecer a região em épocas não tão lotadas é recomendável não ir no alto verão
Entre abril e outubro chove pouco, o que acaba facilitando os passeios na região. Eu fui em agosto, recomendo ir nesse mês pois, além de não estar lotado, o tempo está seco e pudemos fazer os passeios sem chuva.
A Chapada Diamantina me impressionou muito, os lugares são tão bonitos quanto as fotos mostram e uma semana não é suficiente para fazer tudo.
Uma das maiores atrações do parque é o Vale do Pati, caminhada que dura cerca de 3 dias, e não estava incluso no nosso roteiro. Também ficou faltando o Poço Encantado. Ficaram ambas para uma próxima vez. Acho importante contratar uma agência para fazer todos esses passeios, é necessário ir com alguém que conheça a região e muitas das trilhas é necessário fazer com guia. Recomendo muito o pacote Volta ao Parque, várias agências o oferecem. Se ficar somente em Lençóis você acaba passando muito tempo dentro do carro e não consegue visitar os atrativos mais distantes, como o Buracão.
As agências disponibilizam almoço ou lanche todos os dias, e fica por sua conta somente os jantares e demais gastos pessoais.